Pular para o conteúdo principal

Maquetes: um recurso para apresentação e aprendizagem

Devido aos avanços tecnológicos, acostumamos-nos a assistir apresentações de trabalhos sempre utilizando recursos visuais como o PowerPoint ou mais recentes como o Prezi. Há dez ou vinte anos atrás, usar o PowerPoint para uma apresentação era inovador, hoje em dia nem tanto.

Sou apaixonada pelo PowerPoint (e para quem é como eu, indico o site da SOAP) e procuro usá-lo de forma consciente. Ele é uma excelente ferramenta de apoio para as apresentações, mas dependendo do objetivo outros recursos (principalmente físicos) precisam ser utilizados.

Lembro que quando era criança (e isso não faz tanto tempo assim...), esses recursos audiovisuais não estavam disponíveis como hoje. O máximo que tínhamos contato com algo do gênero, era quando alguma professora alugava um filme e assistíamos na sala de vídeo ou biblioteca.

Usávamos cartolina, papel kraft, tinta, massinhas, canetinha, giz de cera, papel crepom (saudade dos babados feitos na cartolina com esse papel)! Fazíamos maquetes de todos os tipos e para várias matérias. Para algumas disciplinas cheguei a fazer até revistas em quadrinhos!

Sou fã de todos os recursos tecnológicos possíveis de serem usados em sala de aula, mas acredito que não podemos usá-los exclusivamente. Há necessidade da utilização de recursos que se complementem e reforcem uns aos outros, tendo em vista que cada um apresenta vantagens e desvantagens.

Sempre que posso, procuro planejar trabalhos que exijam e estimulem a criatividade dos alunos. Muitas vezes eles colocam empecilhos, mas acabam por executar ótimos projetos.

Gostaria de compartilhar com vocês a minha experiência com o uso de maquetes em cursos profissionalizantes. A maquete pode ser definida como uma representação em miniatura ou não de objetos, estruturas, espaços, fábricas, cidades, entre vários outros. 

Dependendo do objetivo do trabalho, apenas um trabalho de pesquisa e uma posterior apresentação não são suficientes para que o aluno fixe o conteúdo e principalmente lembre-se dele após a conclusão da disciplina.

Trabalho diversas disciplinas em diferentes cursos, entre elas a de Prevenção e Combate a Incêndios. Uma das matérias mais práticas, porém que possui grande carga de teoria e normas. Comum em qualquer disciplina, os estudos de caso são de suma importância para o aprendizado de conteúdos. Em algumas turmas, trabalhei o caso do incêndio na Boate Kiss (2013), segundo maior incêndio ocorrido no Brasil, que deixou muitas vítimas fatais e uma lição amarga que o nosso país sentiu na pele.

Infelizmente, são necessários que ocorram grandes tragédias como essas, para que medidas preventivas (na verdade corretivas) sejam tomadas a fim de evitar outros acidentes. Tradicionalmente, dividiria a turma em grupos e pediria uma pesquisa ou uma apresentação para a sala, mas por causa de outros trabalhos também usando a maquete, separei em dois grupos a turma (por meio de sorteio). Um grupo teria que apresentar a estrutura real da Boate Kiss e o outro grupo teria que apresentar a estrutura que a Boate Kiss deveria ter, considerando sinalização, dimensionamento de extintores entre outros dispositivos de segurança solicitados pela legislação do Corpo de Bombeiros.

O resultado foi excelente! Os alunos precisaram pesquisar muito para montar suas respectivas maquetes. O mais interessante foi a apresentação, pois não usaram PowerPoint, nem “colas”, usaram apenas suas maquetes. Foi possível perceber a participação de cada um e como se esforçaram e dedicaram-se nas pesquisas e montagem.

Imagem 1 - Boate Kiss, estrutura real



Imagem 2 - Boate Kiss, estrutura real


Imagem 3 - Boate Kiss, como deveria ser 


Imagem 4 - Boate Kiss, como deveria ser 


Imagem 5 - Boate Kiss, como deveria ser, 
detalhe da sinalização e extintores de incêndio


Imagem 6 - Boate Kiss, como deveria ser, 
detalhe do extintor de incêndio

Após a apresentação, perguntei o que eles haviam achado da experiência, e a maioria gostou. Conseguiram fixar o conteúdo teórico passado e precisaram pesquisar, montar e trabalhar em equipe para a confecção do projeto. Como ponto negativo, observei que muitos ainda têm dificuldades para trabalhar em equipe, principalmente quando fazem grupos com colegas pela primeira vez, mas atividades como essa são de extrema importância para prepará-los para o mercado de trabalho, onde não escolhemos com quem vamos trabalhar e precisamos saber lidar com as diferenças e divergências de opiniões. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Qual engenharia devo fazer para ser Engenheiro de Segurança do Trabalho?

Antes de responder essa pergunta, torna-se necessário entender quem pode ser Engenheiro de Segurança do Trabalho. Com base na Lei N° 7.410, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1985, que dispõe sobre a Especialização de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho, e também sobre a Profissão do Técnico de Segurança do Trabalho só poderá exercer a especialização o “ Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, a ser ministrado no País, em nível de pós-graduação”. A Resolução nº 1.010, de 2005, amplia esse direito também a agrônomos. Sendo assim, a Lei ressalta que não há uma graduação específica para Engenharia de Segurança, portanto para exercer essa atribuição é necessário realizar uma especialização que irá conferir o título de Engenheiro de Segurança do Trabalho aqueles profissionais que se graduaram em engenharia, arquitetura ou agronomia. (Leia mais sobre o assunto no post sobre a

Letramento Digital

Prezados leitores, colegas e alunos! Há algum tempo não escrevo para o blog, mas os ventos dizem que nesse ano será diferente. Se antes era estudante por conta própria de educação e tecnologia, agora estudo oficialmente. Aproveitarei meus estudos para compartilhar aqui textos e opiniões diversas sobre assuntos relacionados a Linguagem, Tecnologia e Ensino que hoje são meus objetos de estudo. E para o primeiro texto dessa linha, vou abordar o conceito de “Letramento Digital”. Fonte: https://insights.samsung.com/2016/04/08/online-testing-highlights-the-need-for-digital-literacy/ Antes de definir “Letramento Digital” torna-se necessário contextualizar a situação em que a sociedade encontra-se atualmente. Ao longo dos anos a tecnologia tem evoluído abruptamente e invadido as relações sociais e profissionais, alterando a forma de adquirir informação e de se comunicar. Quando fala-se em Letramento, o foco é direcionado aos textos impressos, quando ampliamos esse conceito p